terça-feira, 25 de maio de 2010

8. KANTISMO: ÉTICA DEONTOLÓGICA

EXAMINE O MATERIAL DISPONÍVEL EM:

1. "Prefácio à Critica da Razão Pura", de Afonso Bertagnoli;

2. "Prologo" da Crítca da Razão Pura, de E. Kant;

3. "Introdução" à Crítica da Razão Pura, de E. Kant;

no endereço: www.cfh.ufsc.br/~wfil/pratica.doc

12 comentários:

  1. Caros Alunos,
    Após ler os textos, elabore um breve comentário e envie para postagem.

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  2. Em sua Crítica da razão prática, Kant faz um contraponto a sua Crítica da razão pura. Nessas obras fica evidenciado o criticismo kantiano. A atitude crítica precisa reconhecer os limites da razão, sem esse fundamento torna-se a razão dogmática e autoritária. A razão deve sempre se submeter à crítica. A Crítica da razão pura é uma espécie de tribunal aos conflitos da razão. Assim coloca Afonso Bertagnoli “O conhecimento (razão pura) faculta uma espécie de ação, que conceitua o seu sentido prático. Toda a certeza do conhecimento se fundamenta na convicção, serena e inabalável, dos vários estímulos que nos levam a agir na ordem espiritual, setor esse em que encontramos uma conjugação imediata entre a filosofia teórica e a prática. Daí assoma, na afirmação kantiana, a primazia da razão prática. A vontade é moral quando não colide com qualquer fim secundário diante de si mesmo; é aquela que pratica o bem pelo prazer de praticá-lo”. Ora, para Kant, a razão prática articula-se no mundo sensível, repleto de paradoxos e por isto a razão recorre a uma ordenação que se está nas bases do equilíbrio humano que busca sua felicidade plena. Prosseguindo, Kant concilia o racionalismo e o empirismo, explicando que nosso conhecimento experimental é um composto do que recebemos por impressões, ou seja, o conhecimento é constituído de matéria e forma. “Só enquanto podemos experimentar as impressões que nos facultam, encontram aplicação os princípios fundamentais da razão, desde que para nós apenas são susceptíveis de experiência as coisas concretas e distintas, isto é, com os respectivos acontecimentos “(Afonso Bertagnoli). Por essa e por outras questões há que se reconhecer que os elementos da obra de Kant são sinônimos de uma bela obra, que inclusive relaciona sociedade e moralidade, tema muito pertinente a atualidade do mundo contemporâneo.

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  3. O que mais me chamou a atenção no pensamento kantiano é que ele coloca a moralidade como sinônimo da autonomia da vontade, da liberdade; a vontade livre é aquela submetida às leis morais. A autonomia é nosso princípio natural e racional por excelência. Essa afirmação desmente o que muitos pensam ser a moral: um conjunto de regras que cerceia a liberdade humana.
    O que faz uma vontade absolutamente boa é a afirmação independente da ação e da experiência, sendo sempre um fim em si mesma. Dessa forma, Kant responde, à sua maneira, o questionamento do tópico anterior sobre a questão da prova em ética. Nada que seja imposto arbitariamente pelo mundo exterior pode comprovar os princípios morais. Ele transfere essa lógica de pensamento também para o conhecimento científico afirmando que as leis da natureza e os princípios que norteiam a pesquisa científica não estão escondidos na realidade natural, mas existem apenas no nosso pensamento.
    Estas afirmações são muito intrigantes , pois colocam em xeque todo o alicerce pelo qual se erige a ciência, e até mesmo as tentativas de se analisar a ética cientificamente.

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  4. "Na impossibilidade em que nos encontramos de ver como a nossa liberdade escolhe as suas regras de conduta, a nossa natureza, consoante a elas, não faz mais do que marcar os limites do conhecimento. Com isso, a potência prática da razão não é relegada ao desprezo. Todo o princípio da moral — afirma Kant — reside em nossa razão autônoma."

    Não ficou claro pra mim o que seria essa "razão autônoma" que é resultado do modo como a nossa liberdade escolhe suas regras de conduta colocando a nossa natureza para marcar os limites do conhecimento.

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  5. Reconheço a complexidade do pensamento kantiano, do qual pouco consegui assimilar nas amostras de texto que li até hoje, mas ouso simplificar meu entendimento por meio do dito popular “o que vale é a intenção”.

    Parece-me que estamos diante de um sistema em que a moralidade encontra-se intangível, acima da capacidade humana de uma compreensão isenta e plenamente verdadeira, dada apenas pelos conhecimentos adquiridos pela observação da natureza. O importante seria a disposição para cumprir o dever de alcançar essa moralidade.

    Quanto à autonomia, acho que se refere ao ideal de que as ações sejam praticadas a partir da vontade independente dos indivíduos, talvez uma espécie de livre arbítrio.

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  6. Kant:Ética Deontológica
    As ações humanas são boas ou más não como estas ações são praticadas, mas são boas ou más em função de algo que as precede.

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  7. Não me sinto muito a vontade de questionar ou explanar sobre Kant, então, compartilho com os colegas um parágrafo do Prefácio (p.1), sobre a qual venho refletindo na tentativa de progredir no entendimento sobre o pensamento kantiano: “O exercício da liberdade, em sua plenitude, todavia é inseparável do conceito da moral. ‘Devemos, logo podemos’. Nesse ambiente, a pureza da intenção lutará sempre contra as influências de máximas sugeridas pelas inclinações que se apresentam. É um terreno complexo, porque na impossibilidade em que nos encontramos de ver como a nossa liberdade escolhe as suas regras de conduta, a nossa natureza, consoante a elas, não faz mais do que marcar os limites do conhecimento. Com isso a potência prática da razão não é relegada ao desprezo. Todo o ´princípio da moral – afirma Kant – reside em nossa razão autônoma.”

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Este artigo sugere, de início, que existe um núcleo de tensão entre aquilo que tomamos como certo sobre a existência das coisas (o mundo físico) e o uso prático que dele fazemos.
    O conhecimento que possuímos sobre o mundo físico é racional. A realidade se torna cognoscível desde que apreendida pelos sentidos do qual o corpo humano é dotado; o conhecimento humano tem condicionamentos. O sujeito que conhece o mundo exterior possui um conhecimento seguro sobre ele até onde for possível falar segundo os juízos sintéticos à priori, um conceito prático. Além destes, têm os juízos morais que são necessários e é algo que se impõe a ele. Por exemplo, a existência de Deus, um ser supremo, é um imperativo moral que ocorre dentro das pessoas, a “prova” da sua existência é interna. Se a idéia desse ser supremo for abandonada, elas perderão a possibilidade de pensar sobre si mesmas.
    O imperativo categórico criado por Kant é o mesmo que moralidade e tem relação com um dever interior. É o agir de tal forma que a máxima da tua vontade possa, ao mesmo tempo, valer sempre e ter o valor de legislação universal.
    O modelo de ética em Kant é o da ética deontológica. O que o caracteriza é que a forma de interpretar a moralidade das condutas humanas, não depende de outra coisa senão da própria natureza das ações. A moralidade das condutas não é algo empírico, tampouco tem relação com a ação em si, está além dela. Temos maneiras de discutir a ética, tais como: as condutas têm algo em si mesma e estão relacionadas a forma que elas existem no mundo; e as ações serão boas ou más com base em algo que as precede. Para Kant, o conhecimento que temos das nossas condutas têm certas exigências e não é possível pensar em bondade e/ou maldade das ações conforme “juízos categóricos”; adotam-se proposições ou juízos que podem ser de quatro tipos: analítico e sintético, ambos subdivididos em a priori e a posteriori. (Toda proposição ou juízo consiste num sujeito lógico do qual se diz algo).

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  10. Segundo o intérprete Afonso Bertagnoli, a intenção de Kant ao refletir sobre a ética é a de encontrar uma justificativa racional que na prática leve o homem a: “agir de tal modo que a máxima da nossa ação possa valer ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”; e também a: “agir como se a máxima do nosso ato devesse tornar-se primacial no domínio da vontade”, tornar-se “uma lei universal da natureza.” Contrariamente à posição kantiana de ser a ética o estudo sobre o dever ser sedimentado nas ações morais humanas, Witggenstein afirma na sua Conferência sobre Ética que “tal estado de coisas é uma quimera”, que “nenhum estado de coisas tem, em si, o que gostaria de denominar o poder coercitivo de um juiz absoluto” sobre as ações humanas. A noção kantiana teria introduzido “um característico mau uso de nossa linguagem”, o de tornar símiles os juízos de fato e os juízo de valor. Kant estabelece a “razão prática”, o primeiro exercício de análise da “razão pura” como o princípio de estabelecimento da ética; ao passo que Wittgenstein a situa na dimensão da estética, daquilo que Ele, assim afirma: é um paradoxo “que uma experiência, um fato, pareça ter valor sobrenatural", que “um enunciado de fato possa implicar num juízo de valor”. Para que expressasse algum conteúdo a linguagem deveria ser capaz de traduzir o além mundo, que está além das provas. Resta compreender como essas diferentes análises abram novos parâmetros de leitura e linguagem do mundo.

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  11. Versão corrigida, por favor desconsiderar a anterior:

    Segundo o intérprete Afonso Bertagnoli, a intenção de Kant ao refletir sobre a ética, é a de encontrar uma justificativa racional que motive o homem a: “agir de tal modo que a máxima da nossa ação possa valer ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”; e também a: “agir como se a máxima do nosso ato devesse tornar-se primacial no domínio da vontade”, tornar-se “uma lei universal da natureza.” Contrariamente à posição kantiana de ser a ética o estudo sobre o "dever ser" das ações morais humanas, Witggenstein afirma na sua Conferência sobre Ética que “tal estado de coisas é uma quimera”; que “nenhum estado de coisas tem, em si, o que gostaria de denominar o poder coercitivo de um juiz absoluto” sobre as ações morais humanas. A noção kantiana teria introduzido “um característico mau uso de nossa linguagem”: o de tornar símiles os juízos de fato e os juízo de valor. Kant estabelece a “razão prática”, o primeiro exercício de análise da “razão pura” como o fundamento de todo refletir sobre a ética; ao passo que Wittgenstein a situa na dimensão da estética, das motivações não traduzíveis numa linguagem descrevitiva. Pelo que afirma ser um paradoxo “que uma experiência, um fato, pareça ter valor sobrenatural", que “um enunciado de fato possa implicar num juízo de valor”. Para que expresse algum conteúdo ética a linguagem dever ser capaz de traduzir o além mundo, o que está para além das possibilidades de provas. Resta compreender como essas diferentes análises abram novos parâmetros de leitura e linguagem do mundo.

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  12. Versão corrigida, favor desconsiderar a anterior:

    Segundo o intérprete Afonso Bertagnoli, a intenção de Kant ao refletir sobre a ética é a de encontrar uma justificativa racional que leve o homem a: “agir de tal modo que a máxima da nossa ação possa valer ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”; e também a: “agir como se a máxima do nosso ato devesse tornar-se primacial no domínio da vontade”, tornar-se “uma lei universal da natureza.” Contrariamente à posição kantiana de ser a ética o estudo sobre o "dever ser", Witggenstein afirma na sua Conferência sobre Ética que “tal estado de coisas é uma quimera”, que “nenhum estado de coisas tem, em si, o que gostaria de denominar o poder coercitivo de um juiz absoluto” sobre as ações humanas. A noção kantiana teria introduzido “um característico mau uso de nossa linguagem”, o de tornar símiles os juízos de fato e os juízo de valor. Kant estabelece a “razão prática”, o primeiro exercício de análise da “razão pura” como o fundamento de toda análise sobre ética; ao passo que Wittgenstein a situa na dimensão da estética. Ele afirma ser um paradoxo, “que uma experiência, um fato, pareça ter valor sobrenatural", que “um enunciado de fato possa implicar num juízo de valor”. Para que expresse algum conteúdo ética a linguagem deveria ser capaz de traduzir o que passa no "além mundo", no âmbito do que está além das provas racionais. Resta-me aprofundar como essas diferentes análises se fazem presentes no contemporâneo debate sobre a ética.

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