terça-feira, 11 de maio de 2010

1. O PROBLEMA DOS LIMITES ÉTICOS DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

LUIS ALBERTO PELUSO


Na tentativa de subsidiar e colocar parâmetros para o debate desse tema, nesta proposta são defendidas quatro teses fundamentais: 1. a Ciência e a Tecnologia não são moralmente neutras, elas expressam um conjunto de avaliações morais que traduzem uma visão de como o mundo deveria ser; 2. o progresso científico e tecnológico não é um bem em si mesmo para a humanidade, pois novas teorias e nova informação sobre o saber fazer podem colocar em risco o bem do ser humano; 3. A aplicação dos resultados das descobertas científicas e inovações tecnológicas não é sempre um bem para a humanidade, posto que novas descobertas podem colocar em risco a liberdade das pessoas; 4. a descoberta científica e a invenção tecnológica devem ser moralmente justificadas, posto que as investigações e descobertas não podem ser dissociadas do estudo das conseqüências que elas podem produzir. Assim, há limites morais para a investigação científica e a invenção tecnológica. Associadas a essas posições, são apresentados três objetivos estratégicos: 1. As teorias científicas e as inovações tecnológicas devem ser avaliadas em suas implicações, tanto teóricas quanto práticas através de constante controle crítico; 2. O controle crítico deve ser feito por cientistas e não cientistas; 3. as informações sobre as descobertas científicas e inovações tecnológicas e as conseqüências de suas implementações práticas devem ser acessíveis a todos os membros da sociedade.
Nestes últimos cem anos, após um surto de investigação sobre os temas de Filosofia da Ciência, durante o qual a atenção e os esforços dos filósofos, separados em analíticos e hermenêutas, foram consumidos pelos debates sobre os fundamentos do conhecimento científico e suas implicações, a nova temática emergente nas discussões envolve questões de Ética e Filosofia Política. As divergências entre os defensores da visão deontológica e os partidários de um interpretação teleológica da Ética ocupam o cenário no debate sobre os problemas morais. As questões decorrentes do debate sobre o conceito de justiça tornam-se os temas recorrentes dos filósofos políticos. Nesse sentido somam-se os esforços de filósofos ocupados com a Ética e os envolvidos com Filosofia Política, principalmente, em decorrência da vizinhança dos temas com os quais se envolvem, tantos uns como outros.
Dentre os temas que têm ocupado a produção filosófica contemporânea, torna-se cada vez mais relevante a questão que pergunta sobre os limites éticos da investigação científica, da inovação tecnológica e de suas aplicações práticas. As instituições responsáveis pela produção intelectual no mundo contemporâneo não podem deixar de colocar o problema de investigar quais os critérios relevantes e quais os juízos que uma avaliação ética e política faz da atividade de criar teorias, de descobrir novas formas de realizar tarefas e de colocá-las em prática. Em resumo, quais os problemas que são atinentes à avaliação moral e política do desenvolvimento científico, da invenção tecnológica e de suas aplicações práticas.
Aqui se pretende propor que o problema da identificação dos limites éticos da Ciência seja discutido dentro do contexto que caracteriza o pensamento moderno como uma visão ilustrada do mundo. Chama-se de visão ilustrada aquela que entende que as limitações da Ciência estão associadas aos limites dos seres humanos, ou seja, que estão associadas à própria condição humana. Assim, os limites da Ciência são imanentes ao próprio ser humano. Eles decorrem das próprias condições de possibilidade do tipo de conhecimento no qual a Ciência se constitui. O que aqui se quer dizer é que, numa visão ilustrada, o ser humano é considerado como um ser que conhece e atua no mundo. Ao conhecer representa para si o mundo através de conteúdos cognitivos que, ao satisfazerem determinadas regras, são identificados como conhecimento racional. Assim, a racionalidade humana se constitui numa condição de possibilidade da Ciência. É dentro dos limites da racionalidade que se dá a representação cognitiva do ser humano como um ser capaz de produzir o conhecimento científico e de agir conforme os parâmetros da ação determinados pela racionalidade humana. Assim, o ser humano é também um ser ético. O ser humano ilustrado avalia suas condutas conforme referenciais valorativos racionais. Esses referenciais determinam limites para o agir do qual resulta a Ciência. Donde se segue a relação de limitação entre Ética e Ciência. De igual forma, isso impõe o problema da relação entre Ciência e Tecnologia, posto que existem limites da Ciência que decorrem de sua relação com o saber fazer que ela própria determina. Com isso se quer argumentar o caráter imanente do humano e encontrar nessa imanência os subsídios para propor soluções para a questão da determinação dos limites do conhecimento científico, das invenções tecnológicas e de suas aplicações práticas.
A Ética pretende dar conta de construir uma teoria racional das ações humanas, no sentido de identificar as proposições que descrevem as regras de conduta apropriadas para as diferentes situações. As teorias éticas se constroem dentro de um contexto de justificação; elas existem para oferecer argumentos que demonstrem que determinadas condutas devem ser adotadas pelos agentes. O objetivo dos projetos éticos é encontrar critérios que permitam a consecução do 'bem', ou então, da felicidade do ser humano. Com a Ciência se deseja construir um modelo explicativo da realidade que permita captar as suas regularidades e conhecer as conseqüências que podem decorrer da construção de determinadas condições específicas. O objetivo das teorias científicas é a 'verdade'. Contudo, supostamente a 'verdade' expressa a forma mais eficiente de se tratar com o mundo. Nesse sentido, a Ciência também possibilita que se prescrevam procedimentos e, ao fazê-lo, se transforma em Tecnologia. Por isto se pode dizer que a distinção fundamental entre Ciência e Tecnologia está na constatação de que esta última tem caráter procedimental. Isto é, ela resulta na identificaçãodo procedimento 'mais apropriado às verdades científicas'. A Ética, por sua vez, tem por objetivo a realização do 'bem' do ser humano que ela mesma prescreve em que consiste. (Peluso, Luis A.; “A Ética entre o ceticismo e o positivismo”, Campinas, SP, Revista “Reflexão”, Janeiro-Agosto, 1993, Ano XX, No. 63, pp.23-43)
Assim, A Ética tem por objetivo a determinação das regras de conduta que prescrevem os atos que traduzem a noção de bem, ou felicidade, no agir humano. A determinação do bem é uma tarefa que envolve a capacidade cognitiva do ser humano, que aqui se pretende defender que seja a atividade racional. A Ciência tem por objetivo a consecução da verdade, que aqui se pretende conceber como o conhecimento que melhor satisfaz determinadas regras metodológicas identificadas como as regras que apontam um certo tipo de conhecimento racional. A Tecnologia tem por objetivo identificar o procedimento eficiente, que pode ser concebido como o procedimento que é justificado pelo conhecimento científico, isto é, o procedimento que é consentâneo com o conhecimento tido por verdadeiro em um determinado momento e, portanto, expressivo da atividade racional. Há um problema que se põe, entretanto, quando se argumenta que nem sempre o bem, o verdadeiro e o eficaz coincidem.
A responsabilidade moral dos cientistas indica a disposição que eles têm de justificar, de oferecer boas razões para as formas de conduta que efetivamente possuem. Viver eticamente significa viver segundo regras morais justificáveis. Isso não significa que as pessoas que vivem eticamente praticam inevitavelmente o bem. Essa é uma questão de justificação. Praticar o bem significa realizar em suas ações um valor – o bem – que é justificável racionalmente.
A questão da responsabilidade moral dos cientistas encontra-se aqui delineada no confronto de quatro teses fundamentais. Assim,
1. A Ciência e a Tecnologia não são moralmente neutras. Primeiro porque existe um código de normas que devem ser obedecidas pelos cientistas na busca da verdade. A idéia de paradigma científico introduzida por Thoma Kuhn implica a existência de regras de procedimento em função das quais os cientistas se agrupam. (Kuhn, Thomas. “The structure of scientific revolution”. Lonodn, University of Cambridge Press, 1970, pp.168-169) Não existe acordo sobre as normas do exercício da Ciência. Contudo, há indícios que valores como universalismo, isenção pessoal, ceticismo, originalidade, criticismo, humildade, tolerância devem ser inerentes ao exercício da atividade científica. (Bunge, Mario; “Ciência e Desenvolvimento”; São Paulo, Itatiaia/EDUSP, 1977, p.123) De qualquer forma, esses valores são de natureza moral e expressam idéias sobre a forma como o mundo deveria ser. Nesse sentido, eles são valores morais que determinam o procedimento dos cientistas. Assim, os cientistas estão obrigados a justificar esses valores e as práticas que eles implicam. As regras deontológicas da Ciência expressam a preferência por determinados valores morais. A suposta neutralidade científica não pode ser confundida com a objetividade da Ciência. A objetividade decorre de regras metodológicas, como a que prescreve a necessidade de criticar e discutir as diferentes teorias. Segundo, o compromisso dos cientistas com a verdade da natureza e o caráter meramente explicativo da Ciência ficam seriamente prejudicados, quando se considera o fato que a direção geral das investigações é determinada por agências e organismos que financiam somente certos tipos de pesquisa. Isto é, esses organismos somente fornecem recursos para aquelas pesquisas que justificam certas práticas que atingem os objetivos que coincidem com interesses que essas agências defendem. Portanto, a atividade científica está comprometida com esses objetivos. Nesse sentido, a Ciência não é moralmente neutra, devendo os cientistas justificar a moralidade de suas ações. Terceiro, a neutralidade moral da Ciência parece comprometida se se considera o fato que os cientistas são influenciados por suas visões do mundo, pelos seus interesses gerais e pelas tendências características de seu tempo. Assim, seu conhecimento não é o resultado de um esforço objetivo de explicar o mundo, mas é, certamente, influenciado por suas idéias sobre como ele deveria ser. Portanto, a atividade de produzir Ciência deve ser justificada em termos morais.
2. O progresso científico e tecnológico não é um bem em si mesmo para a humanidade. Não existem garantias teóricas que o resultado da pesquisa científica e da inovação tecnológica expressa sempre o progresso e, como tal, é um bem para a humanidade. Primeiro porque, a tese que afirma o caráter benéfico do progresso científico apóia-se na teoria errônea que a evolução, no sentido de seleção dos melhores, é uma lei que rege a estrutura do Universo. Essa posição historicista de que “caminhamos para a perfeição” é insustentável. Pois, a evolução não é uma lei natural, mas um fenômeno que somente ocorre em certas estruturas dotadas de certas características peculiares, como a reprodução fiel ao tipo da própria estrutura e a reprodução fiel dos acidentes ocorridos na estrutura. O Universo não é um sistema previsível em suas determinações. Dessa forma, o ser humano não é o resultado necessário de um movimento em direção ao perfeito, mas, tão somente, uma alternativa viável da vida dentro de determinadas circunstâncias. (Monod, Jacques; “A propósito da teoria molecular da evolução”; in Harré, Rom; “Problemas da revolução científica”, São Paulo, Itatiaia/EDUSP, 1976, p.38) O conhecimento humano pode ser um subproduto humano, cuja conseqüência pode ser a própria destruição da espécie. Portanto, cabe a investigação sobre os valores morais que estão inseridos no avanço do conhecimento científico. O avanço do conhecimento científico pode estar associado a situações moralmente condenáveis. Segundo, a idéia de progresso científico pertence ao universo das categorias metodológicas da Ciência. Como tal ela indica a direção do processo pelo qual certas teorias são substituídas por outras. Afirma-se que há progresso científico quando uma teoria mais bem sucedida, conforme regras metodológicas, substitui aquelas que têm uma performance menos notável em vista dos critérios. A idéia de bem da humanidade pertence ao contexto da justificação das condutas humanas e as regras que as prescrevem. Assim, diz-se que uma certa regra de conduta implica o bem da humanidade quando concorre para a concretização de determinados valores que devem ser. De uma forma geral, pode-se dizer que a idéia de progresso científico pertence ao contexto de explicação das teorias. Portanto, há progresso científico e tecnológico quando há avanço em direção à verdade. Isso não significa que aquilo que é descoberto como verdade implica a ordem dos valores que devem ser. Esta última é a ordem do mundo moral. Nesse sentido, o progresso científico precisa ser moralmente justificado. Somente a força dos argumentos pode convencer que aquilo que é a verdade é o que corresponde às exigências dos valores morais.
3. A aplicação dos resultados das descobertas científicas e inovações tecnológicas não é sempre um bem para a humanidade. A aplicação das novas teorias e das descobertas tecnológicas nem sempre melhora a situação do ser humano. Primeiro, porque a aplicação de novas teorias e invenções tecnológicas cria situações nem sempre desejáveis para alguns dos afetados por elas. Assim, a descoberta de novas doenças cria a necessidade da realização de exames e põe em risco a liberdade das pessoas. O uso de novas máquinas implica na mudança do estilo de vida das pessoas e, conseqüentemente, dos valores pelos quais orientam sua conduta. As aplicações de teorias científicas e de inovações tecnológicas podem resultar em situações de sofrimento para os indivíduos envolvidos. Geralmente as pessoas que devem tomas as decisões não estão informadas sobre os riscos das tecnologias que empregam. Portanto, não há garantia que o uso dos resultados do progresso científico e do avanço tecnológico resulte sempre no bem da humanidade.
4. Há limites morais para a investigação científica e a invenção tecnológica. Cientistas e tecnólogos não tem garantida a liberdade moral de investigar e inventar. Pois, a invenção de teorias e de tecnologias deve ser controlada moralmente, conforme a possibilidade de serem justificadas face a critérios morais. Primeiro, porque como resultado das investigações científicas atuais, o ser humano vem incrementando o seu extraordinário poder de destruição do mundo. A avaliação da investigação científica não pode ser dissociada do estudo das conseqüências que essa investigação pode produzir. Isso significa que toda investigação científica deve ser justificada. Devem ser apresentados argumentos que procurem evidenciar as possíveis conseqüências, principalmente as conseqüências inesperadas, das investigações científicas e da inovações tecnológicas. Segundo, porque grande parte dos recursos aplicados nas investigações científicas é de origem pública. Portanto, a sociedade tem o direito ao conhecimento científico útil. Essa utilidade deve servir como indicador das áreas que são de interesse da sociedade que custeia a pesquisa científica.
Portanto, o que se pretende argumentar é que Ciência e Tecnologia constituem conhecimentos em progresso contínuo. Contudo, o avanço da Ciência e da Tecnologia não é necessariamente em si mesmo um 'bem' para o ser humano, nem é necessariamente um 'bem' em sua aplicação. O progresso da Ciência e da Tecnologia para ser um 'bem', do ponto de vista ético, isto é para se conformar com o padrão de conduta racionalmente desejável, depende da interveniência de algumas variáveis que estão diretamente relacionadas com o controle crítico dos resultados, em termos de custos e benefícios para os indivíduos afetados.
Assim, em primeiro lugar, é preciso avaliar as aplicações da Ciência e da Tecnologia. Isto significa que as aplicações devem ser mantidas sob constante controle crítico. Este controle será direcionado no sentido de revelar os custos e benefícios em que resulta a aplicação da Ciência e da Tecnologia.
Em segundo lugar, é necessário que essa avaliação seja feita por cientistas e não cientistas. Os cientistas não são necessariamente os melhores juízes de suas próprias realizações. A avaliação a que devem ser submetidas a Ciência e a Tecnologia se fundamenta em critérios éticos que não coincidem, necessariamente, com os critérios científicos.
Finalmente, as conseqüências das descobertas científicas e das aplicações tecnológicas devem ser acessíveis a todos os membros da sociedade. É necessário que sejam criados mecanismos com o fim precípuo de informar o grande público sobre as conseqüências que podem advir da aplicação das descobertas científicas e tecnológicas. Através desse esclarecimento, os indivíduos poderão formar opiniões e construir o seu juízo moral.
Esta proposta está fundamentada na alegação que o conhecimento é algo inexorável. Os custos de se conter o avanço do conhecimento humano e de eliminar a aplicação das descobertas científicas e tecnológicas é muito alto. Ciência e Tecnologia estão associadas ao tipo de mundo que vem sendo construído nas sociedades industriais avançadas. O conhecimento humano corresponde ao tipo de resposta que a espécie humana é capaz de dar, na medida em que se adapta e sobrevive, enquanto uma forma de vida. A Ciência e a Tecnologia são partes imprescindíveis desse conhecimento necessário para a humanidade sobreviver. (Peluso, Luis A.; “Ciência e responsabilidade intelectual”; Brasília, DF, Revista “Educação Brasileira”, Janeiro-Julho, 1993, volume 15, No. 30, pp.49-63)
Contudo, embora seja inevitável, o conhecimento expresso na Ciência e na Tecnologia não é necessariamente um 'bem'. Ele não resulta sempre na felicidade do ser humano. Cabe ao ser humano procurar descobrir as conseqüências da aplicação das descobertas e decidir quais são aquelas que ele deseja. Cabe ao ser humano, ainda, criar mecanismos para que as conseqüências indesejáveis sejam evitadas.
É preciso ter medo das conseqüências da descoberta e da aplicação das descobertas em Ciência e Tecnologia. Porém não se pode perder a esperança de que os resultados das novas descobertas estarão sempre sob o controle de algumas dimensões que consideramos nobres no ser humano. É preciso acreditar que no ser humano, em última instância, além do desejo de conhecer, existe a vontade de ser justo, ou seja, de ter condutas que satisfaçam os critérios de moralidade, ainda que seja particularmente difícil a sua identificação. Portanto, é preciso estar convencido de que a racionalidade humana não é expressa somente na Ciência, mas é principalmente na Ética que ela encontra sua expressão maior. (Peluso, Luis A.; “Utilitarismo Clássico e Teoria da Justiça”; in Ávila, José Manuel Bermudo (org.); “Retos de la razón práctica”; Publicacions Universitat de Barcelona, Espanha, 2002, pp505-518).

23 comentários:

  1. Caros alunos,
    Após ler o texto, elabore um pequeno comentário e envie para debate com os demais interessadeos no tema.
    Seus comentários devem ser enviados até o último dia do mês de junho.

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  2. Todo conhecimento pode ou não beneficiar o ser humano, mas o conhecimento científico por ser construído em uma linguagem própria e muitas vezes de difícil acesso. Obriga a comunidade científica a buscar uma autocrítica e a construção de uma ética.
    Buscando um exemplo comum. Encontrei o debate sobre os riscos da radiação presente nos celulares, geração de energia, medicina etc. Quem consegue interpretar os tipos e níveis de radiação anunciados como seguros ao ser humano?

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  3. Caro Alexandre,
    O primeiro parágrafo de sua postagem está escrito de forma incorreta.Creio que vc. quer dizer que o conhecimento científico é que obriga a comunidade científica a buscar etc... Entretanto, não consigo entender por quais razões vc. acredita que a linguagem (própria e de difícil acesso) leva os cientistas a construção de uma ética!?!

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  4. Proponho ao grupo duas reflexões:
    Muito se fala dos limites éticos da ciência e da tecnologia e da necessidade de discutir todo tipo de implicação ética inerente a ambas. No entanto, qual o papel da ciência no estabelecimento desses limites éticos? Se a ética será construída a partir do contexto na qual está inserida, por que não se alinharia às situações, condições e procedimentos novos impostos pelos desenvolvimento da ciência e da tecnologia, quando sabemos que ambas influenciam a forma como vivemos e o que pensamos atualmente?
    Outra questão: se a ciência e a tecnologia se desenvolvem, em grande parte, atendendo a interesses materiais específicos, como construir uma ética que não seja subserviente ao conhecimento científico, ao desenvolvimento tecnológico e tampouco aos interesses materiais que os sustentam e difundem?

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  5. Parodiando Shakespeare em Hamlet:
    "saber ou não saber, conhecer ou não conhecer.. eis a questão!!"

    Ciência e Tecnologia são produtos da atividade humana em amplo sentido, racional, social e emocional. Assim como um filho, esses produtos não se desvinculam da experiência de vida, das necessidades pessoais, práticas ou de satisfação íntima, conceitos, pré-conceitos e atitudes dos envolvidos, em todas as fases de gestação.

    Direcionar esses produtos em um "bom caminho", na consecução do "bem", seguindo regras metodológicas e critérios de moral, deve ser pautada principalmente na nossa vontade (como "pais"), de trazer felicidade e benefícios para o ser humano e a sociedade em que vivemos.

    Sobre os riscos inerentes dessa atividade, como diria minha avó da dificuldade de "colocá-los na linha", sabemos que tudo na vida é uma "operação de risco".. e assim como nossos filhos, se não tê-los (os riscos), como sabê-los?

    Assim, com as experiências vividas, e produzindo saberes e conhecimentos dos mais diversos, é que podemos aprender tanto a gerar "bons frutos", aprimorá-los, como também a criar mecanismos eficientes para combater as suas conseqüências indesejáveis, ou pelo menos contorná-las da melhor forma possível.

    A Ciência funciona na base de tentativas, erros e muito muito trabalho.. já dizia Einstein: "o único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário."

    Abs. Patricia.

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  6. A ciência não é neutra. Quantas discussões já não estão sendo elaboradas em relação à pesquisa das células troncos embrionárias, justamente porque a ciência pauta-se em questões éticas. O Brasil apresenta nesta questão aspectos bem conservadores comparando com outros países, a discussão é centrada nos grupos que representam a igreja, cientistas, políticos e leigos. Há uma preocupação com as conseqüências e também há a necessidade de avançarmos para tentar resolver tantas questões que poderiam promover a cura de muitas doenças como o câncer, a doença de Parkinson, a Cegueira. Pacientes que já participam de pesquisas científicas e clínicas, até onde as pesquisas já foram liberadas assinam um termo de consentimento.
    É claro que o conhecimento é potencialmente ilimitado e isso pode levar a destruição da humanidade. Isso não é novo. E quando o homem descobriu que o atrito entre dois pedaços de madeira seca elevava a temperatura até produzir uma chama que podia ser ativada pelo sopro, dando início a jornada tecnológica do homem no seu controle da natureza? Perdoe-me o comentário, mas se eu estivesse lá naquela época, naquele contexto, teria ficado extremamente assustada, e acharia mesmo que seria o fim...
    A questão da racionalidade humana é indiscutível. Mesmo assim, infelizmente observo aspectos irracionais humanos, pautados em questões culturais, religiosas, políticas que “ceifam muitos momentos”. Creio que a discussão não deva ir por esse caminho, não é?
    Quanto à questão de que nem sempre a tecnologia melhora a situação do ser humano porque nem sempre as invenções tecnológicas criam situações nem sempre desejáveis pelos afetados, isso é fato. Daria para conter a Revolução Industrial? E o computador? Quantos empregos foram extintos pelo computador. Pessoas que estão aí e odeiam o computador porque sua função não mais existe, foi tragada por mais esse marco tecnológico. Discordo do Drummond: “Viver dói!”
    Enfim, a frase famosa: “Deus não joga dados” (Einstein) talvez pudesse ser reescrita: “Que os homens não joguem dados!”

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  7. Professor Peluso
    Buscando ser breve em meu comentário, acabei sendo falho. Vou tentar me expressar melhor:
    1º Não acredito que o cientista possa se considerar moralmente neutro.
    2º O progresso científico não pode ser considerado totalmente benéfico, embora em princípio seja algo que se deva buscar, o ser cientista não tem com antever os desdobramentos de seus trabalhos. Temos tido exemplos durante a história, podemos citar o uso do chumbo em vários setores como: a pintura, o abastecimento de água, na produção de vinhos e aditivo para gasolina até ter seu uso banido durante o século XX. E o caso da talidomida, medicamento que apesar de aprovado pelos órgãos competentes em mais de 100 países, gerou graves deformações em fetos.
    3º Todas as responsabilidades morais dos cientistas devem também ser cobradas dos tecnólogos que utilizam os trabalhos científicos para desenvolvimentos tecnológicos.
    4º Quanto à existência de limites morais para a investigação científica e a invenção tecnológica, acredito que isto não deva ser questionado em especial na sociedade contemporânea que está tão dependente da tecnologia.
    Deve sim ser avaliado e guiado pro regras morais e técnicas, embora após o século XX tenham surgido dificuldades para esta fiscalização, pois muitos trabalhos passaram a assumir uma característica de gigantismo, se estendendo por vários laboratórios, às vezes sendo elaborado por dezenas de cientistas cada um com suas equipes, trabalhando em conjunto, mas sem ter consciência do que estão produzindo (projeto Manhattan e outros), não bastasse esse gigantismo também há o fato das linguagens utilizadas (refiro-me a linguagem matemática lógica, numérica etc.) que são de difícil acesso ao restante da humanidade.
    Embora não seja o cientista um juiz imparcial na construção de uma ética ou de qualquer conjunto de regras de fiscalização moral, ética ou técnica é vital a sua participação.

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  8. Penso que o que buscamos sempre é o bem estar, e disso ainda não tenho dúvida que é um bem que se tenta alcançar! Para isso, se temos a ciência e tecnologia como matrizes de regras voltadas ao desenvolvimento da sociedade em toda sua extensão sua ética deve estar pelas cercanias do interesse comum da coletividade, neste ponto, temos que nos indagar de uma questão muito interessante, tería a ciência e tecnologia sua própria ética ou a ética seria um corpo externo que de forma satélite estaria a vigiar os avanços da ciência e tecnologia!? prefiro acreditar que a ciência e tecnologia possui em si uma estrutura capaz de se auto gestar, porém não concebo que ela tenha uma ética capaz de se controlar, seria por assim dizer, "colocar o lobo para tomar conta das ovelhas" esta caricatura secular é propicia ao caráter lúdico de uma compreensão singela que busca ser simplesmente didática a compreensão do contexto, além de que, não seria justo por uma questão de "modismo" dar a todas as regras, normas, condutas o nome de ética!
    Por outro lado, defendo que existe uma ética que nasce dentro do contexto social ela sim de forma originária seria a responsável por criar as regras de conduta e costumes, um tipo de força moral que calibraria o desenvolvimento da ciência e tecnologia, mas que também em nossa contemporaneidade passa por uma certa turbulência ao enfrentar uma dicotomia para dizer um dilema!? Ética do ponto de vista coletivo ou individual!? como está nossa sociedade, talvez aqui repouse um dos grandes problemas do nosso período, o afastamento da sociedade da sabedoria clássica e dos princípios balisadores que formam com qualidade o "homem" para integrar uma sociedade não estaria sendo capaz de dar uma resposta eficiente, por esta razão penso que ao descumprir uma responsabilidade imanente a sua existência surge uma outra linguagem, a da ciência e tecnologia buscando se auto regular cotejando suas regras, seus valores e suas leis tidas como "éticas". Talvez uma ficção, mas talvez não, em nossa omissão possa ser que em um futuro sejamos controlados pelas máquinas...
    A partir desse foco, é suscetível como bem estilizado no texto a ciência e tecnologia possuem regras, portanto, almejam um bem em si, é possível deduzir que o seu fim em si é um bem, no entanto, ao homem depende dos efeitos das causas do evolucionismo científico e tecnológico.
    As justificativas, são da ciência por intermédio de sua linguagem ou do homem dentro de uma interdisciplinariedade interativa onde consegue discutir argumentativamente em pé de igualdade com a ciência e tecnologia, aqui também, é importante nos localizarmos topograficamente ante a força coercitiva do Estado o qual ao mesmo tempo que nós dá condições de vida, nos seduz, nos rende ao conhecer nossos hábitos, desejos e anciedades nos enfraquece cada vez mais tornando nos escravos de nós mesmos, subtraindo nossa voz ou simplesmente realizando um diálogo monólogo, restando nos como reflexão de como fazer uma genealogia do poder...
    Concluo assim, minhas considerações da seguinte forma: é fato que a ciência e tecnologia veio de encontro ao contingenciamento demográfico a nível global, trazendo um corpo hibrido de benefícios e malefícios, no estágio em que nos encontramos dentro de uma análise política, sociológica e econômica a ciência e tecnologia deve ser tangenciada aos interesses da coletividade, para isso, uma análise microfísica dos órgãos gestores é vital, para implentar ideias que não desvirtuem o sentido fim de existência e do desenvolvimento da ciência e tecnologia, as virtudes parafraseando Aristóteles é um exercício, neste aspecto,tanto o "homem" com a ciência e tecnologia devem fazer a lição de "casa" atingir os limites éticos necessários, a partir de uma análise da sociedade e não o seu inverso.

    Fabio Marques Ferreira Santos

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  9. Caros Alunos,
    Convem que os comentários sejam breves e não ultrapassem 15 linhas. Ademais, devem ser escritos em linguagem cuidadosa e expressar reflexão. Quando vc. não tiver algo a dizer, ou não souber direito o que dizer, pense; reflita. Não envie aquilo que vc. escreveu quando nem vc. consegue entender o que vc. gostaria de dizer. Leia o que vc. escreveu e tente examinar se o texto ficou claro e se a argumentação expressa cuidado.

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  10. Pelo que entendi do texto

    1. A ética pretende ser uma teoria racional das ações humanas com o objetivo de encontrar critérios que levem ao 'bem', ou a felicidade humana;

    2. A Ciência se propõe construir um modelo explicativo da realidade com o objetivo de conhecer a 'verdade', ou seja, a forma mais eficiente de se lidar com o mundo natural;

    No entando, as consequências dessa busca pela 'verdade' muitas vezes choca-se com a realidade do mundo social pois não satisfaz as condições necessárias para alcançar-se o 'bem', ou a 'felicidade'.

    De onde conclui-se que as implicações da busca pela verdade fazem necessário o controle externo da atividade científica, com o objetivo de torná-la ética. Ou seja, pretendemos alcançar uma 'verdade do bem'.

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  11. O entendimento a que cheguei sobre este texto é que a ética, como fundamento das práticas em ciência e tecnologia, se apresenta como categoria central nas atividades científicas. Compreendida dessa maneira, a ética se torna fundamental para a ciência.
    A relação feita entre a ética, a ciência e a tecnologia mostra as razões de se humanizar a ciência e a técnica, na visão de Ciência e Tecnologia como um meio de poder de transformar o homem, e como tal, a ele vinculado e expresso em suas ações. É no relacionamento do homem com a técnica, e do lugar que ele ocupa nessa relação, que vai ser construído o problema dos “limites morais”: estaria a técnica a serviço do ser humano, ou ela seria o sujeito nessa relação submetendo-o aos seus desígnios?
    Nesse contexto, o ponto comum é o homem, porém, transparece a existência de uma polaridade. De um lado, aquele que produz Ciência (e seus aliados) e aplica a técnica, e do outro, os destinatários humanos que justificam a prática de fazer ciência. E, diante da possibilidade do uso danoso da técnica surge a necessidade de refletir sobre os valores éticos dos cientistas.

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  12. Caros alunos,
    Estas duas últimas postagens estabelecem um novo patamar no material que deve ser postado no blog. São mensagens que expressam reflexão e estão em textos sem erros de ortografia e gramática.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. O texto apresenta a base inicial para a disciplina, estabelecendo que a ciência e a tecnologia têm limites éticos e algumas conseqüências disso. Os comentários acima já sintetizaram as principais idéias do texto, expondo a relação entre ética e ciência e as razões para que a primeira imponha limites à última.

    Além do apontado pelos colegas em sua síntese, achei muito interessantes os argumentos utilizados no texto para explicar a existência de limites éticos para as atividades científica e tecnológica. Primeiramente se esclarece que a ciência é uma atividade racional humana e, como tal, submete-se aos limites da racionalidade humana. Em seguida, é apontado que a racionalidade humana, não se presta apenas ao desenvolvimento científico, mas também, especialmente, à atribuição de valores morais para as ações humanas, inclusive para as ações voltadas à ciência e tecnologia. Daí que a ciência não possa ser desvinculada de questões éticas.

    No entanto, a impossibilidade de isolar a ciência da ética não significa que a ciência seja necessariamente ética, pelo contrário (como os comentários acima já enfatizaram). Assim, os cientistas têm que oferecer boas razões morais para as suas formas de conduta.
    Daí desdobram-se algumas estratégias sugeridas pelo autor como forma de garantir que a ciência possa regras morais justificáveis.

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  16. Desde os primordios a ética tem a finalidade de buscar o bem para os seres humanos na sua totalidade.Já a ciência busca a realidade por meio de justificativas que são pautadas na verdade do mundo natural.
    Sendo assim, é inevitável a ética na Ciência, pois a construção científica é fruto do homem, que se não tiver a base ética acaba sendo refém de sua própria invenção científica.

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  17. As quatro teses ficaram claras, assim como os objetivos estratégicos. Porém, é impossível que eu faça um comentário sobre o texto, sem trazer a tona conhecimentos anteriores. Já adianto que concordo que não devemos perder a esperança (e tudo mais presente no último parágrafo do texto) no ser humano.
    Creio porém, que o modelo explicativo da realidade e o objetivo (verdade) que a Ciência busca, até hoje, é muitas vezes feita por seres humanos ditos “ilustrados” que não avaliam suas condutas conforme os referenciais que determinam os limites para agir, buscando uma felicidade para poucos e acarretando em uma tecnologia que não é expressiva de regras de condutas que traduzem a noção de bem. Não nego a existência de grande quantia de seres humanos ilustrados de fato, mas nego que esse contingente seja expressivo num sistema como o capitalista. Não venho fazer um discurso anti-capitalista, venho ao contrário, salientar que o texto mostra como as coisas deveriam ser (e em partes, como é) trazendo a tona a discussão de valores que deveriam ser óbvios, porém as visões de mundo, interesses gerais e tendências de cada tempo (como o próprio texto diz) corroboram para situações nem um pouco morais e sim para teorias como a da evolução, que se dizem verdadeiras e se justificam como tal apontando tudo aquilo que crêem ser perfeito/imperfeito, superior/inferior e necessário/desnecessário. O pior da C&T não é o sofrimento ou a falta de liberdade que ela pode causar, mas sim a ilusória noção de que ambas estão aí para salvar a todos sem distinção, como acontece(u) partindo dos deterministas, no caso Buck, no estudo da sífilis de Tuskegee, ou nos atuais programas de controle da população; lembrando que todos esses, assim como o Projeto Clipe de Papel e Projeto 63, por exemplo, foram financiados por governos e a sociedade não tinha/tem o conhecimento da existência desses programas.
    Não venho também fazer um discurso anti-C&T , até porque sou adepta da visão (que nada tem de evolucionista) de que ambas pode(ria)m oferecer (como já oferecem, porém em pequena quantidade) melhorias ao mundo/ pessoas; mas creio que assim como uma série de outras visões, pelo menos no atual momento, a C&T tomar a ética como ponto de partida é mais uma utopia.

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  18. A ética tem por objetiva a busca pela felicidade plena, pautada por uma séries de valores que resultem no “bem”, nas ações humanas. A ciência tem por objetivo a conquista da verdade e dos valores eticamente justificáveis. A tecnologia tem por objetivo identificar o caminho mais coerente e justificado pelo conhecimento cientifico. A ciência e a tecnologia não são moralmente neutras, pois existe um grupo de normas que devem ser respeitadas pelos cientistas na busca da verdade. Essa busca tem que levar em conta que a atividade cientifica não é um ato isolado e que tem uma rede de conseqüências, por isso que essa atividade deve ser controlada para que os valores éticos sejam preservados.

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  19. A respeito da questão sobre uma “critica ética” para a atividade científica, parece-me sensato considerar que isso deva ser encarado como algo tão natural como em qualquer atividade. Dada a influência e relevância do resultado que as inovações tecnológicas impõe sobre a vida e sobre o mundo, dado também não ser incomum que a ciência e seus agentes se apresentem como detentores de um saber diferenciado, fundamentado na experiência e na verdade, talvez o questionamento ético do trabalho científico se torne de importância ainda maior.

    Em meu entendimento, o grande desafio para se impor uma perspectiva ética à ciência encontra-se no forma de abordagem da primeira à segunda. Não fica claro qual o limite para uma reflexão objetiva a respeito da correção das condutas científicas, sem que se corra o risco de que essa própria reflexão seja incorreta.

    jzgodoy@gmail.com

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  20. Esse tema da ética em ciência e tecnologia está aqui problematizado em níveis e abordagens conceituais distintas, porém mescladas no trajeto argumentativo. Para mim, é preciso separar os conceitos que se apresentam e ai então ver os seus limites éticos e a aplicabilidade das regras e valores morais para a conduta dos sujeitos em questão.

    Tentando ser direto, seria assim:
    - A ética aqui, discute a problemática da conduta de pessoas, que não é o mesmo que ciência, ou tecnologia, ou conhecimento científico, ou investigação científica, ou aplicação prática da C&T.

    - A ciência, entendida como o próprio conhecimento científico, criado para explicar o mundo e amparar a existência humana, é uma prerrogativa racional legítima e dessa específica forma, não é uma questão da ética. Ontologicamente, o conhecimento corrobora a tolerância, o equilibrio e o bem estar. A ignorância corrobora a insensatez e a barbárie. Não há conhecimento imoral ( tal como aquele buscado por Adão e Eva sobre o fruto proibido, que os levou à expulsão do paraiso...)

    - Na presença da ciência, a ética deve discutir é a conduta moral das pessoas, de carne e osso, que utilizam o conhecimento científico para produzir as tecnologias de todos os tipos, estas sim, que podem tanto melhorar a vida humana quanto atentar contra a sua existência.

    - Não tem cabimento lógico, relativizar o conhecimento ( p.ex. como o Hugo ponderou acima:"verdade do bem"). Porque, sem entrar na questão da falibilidade do conhecimento, se houver uma "verdade do mal", nosso paradigma ético desmoronará, pois ou aceitaremos também o mal como objetivo, ou a mentira/ignorância como norma de conduta.

    - A lógica de se estabelecer limites éticos para o próprio conhecimento científico, gera duas consequências importantes: a primeira, que é a transformação do conhecimento numa espécie de sujeito social, responsabiliza-o por toda e qualquer tecnologia malévola e destrutiva e esconde os seus verdadeiros arquitetos, quais sejam, aparatos estatais, fábricas e laboratórios, que trabalham para segmentos sociais privados e não populares; a segunda é que, considerando que a racionalidade humana nunca pode prever todas as possibidades de aplicação da ciência ou da tecnologia, tenderá a considerar toda a base do conhecimento científico como potencialmente contra humana.

    - No final, a conduta moral na investigação científica deve ser problema da ética, não para a exclusão de conhecimento científico "perigoso", mas para o estabelecimento de metodologia eminentemente humana e democrática no sentido de que a busca e a apropriação do conhecimento tenham caráter social.

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  21. Ao aceitarmos a ciência como um “modelo explicativo da realidade”, que permite captar as regularidades e consequências dessa realidade. E por sua vez, a ética como “uma teoria racional das ações humanas” que estabelece regras de conduta, justificações e critérios que levem ao “bem” e a felicidade. E ainda, entendendo que as sociedades buscam explicar a realidade para melhor estabelecer um bem viver a todos. Poderíamos concluir que a ciência deveria estar intrinsecamente limitada e ou estabelecida pelas ações éticas.

    No entanto, sabemos que a ciência responde ou pretende responder os efeitos da realidade direcionada a interesses de grupos específicos, sendo assim, fica claro que nem sempre os resultados científicos serão uma resposta ou terão implicações efetivamente boas a todos os membros da sociedade ou quiçá para a maioria. Portanto, poderíamos dizer que a ética relacionada à ciência se perde diluída nos interesses de cada grupo. O que nos faz concordar com a primeira tese do texto que discute a não neutralidade moral da ciência e da tecnologia. Mas então fica a questão, como a sociedade, em sua totalidade, pode encontrar caminhos para discutir e exigir limites para as descobertas científicas, sendo leiga e não conhecendo os caminhos metodológicos dessas descobertas?

    Jucilene

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  22. O texto defende a posição de que, tanto a investigação científica quanto a invenção tecnológica devem ser justificadas moral e eticamente; posto que criam um mundo com determinadas características com as quais não podemos de conviver e, vivendo com elas, contrair hábitos que nos transformam obrigatoriamente.

    A argumentação do autor se fira em pelo menos duas teses centrais: a) a ciência e a tecnologia não são ética e moralmente neutras, b) o progresso científico e tecnológico não pode ser visto como um bem em si mesmo para toda a humanidade, pois também geram contradições de horizontes políticos e sociais.

    Três são as propostas trazidas ao debate no texto: a) as teorias científicas e as inovações tecnológicas devem ser avaliadas em suas implicações, tanto teóricas quanto práticas através de constante controle crítico; b) este controle deve ser exercido por parte de cientistas e de não cientistas; c) as informações sobre as descobertas científicas e as inovações tecnológicas, bem como as conseqüências de suas implementações práticas, devem ser acessíveis a todos os membros da sociedade.


    Hérmiton Freitas (hermitonfreitas@hotmail.com.com)

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  23. Alex Lima, comentários:
    A finalidade dos códigos morais é reger a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de conveniência geral, para garantir a integridade do grupo e o bem-estar dos indivíduos que o constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de uma coletividade.
    Penso que ética é a disciplina crítico-normativa que estuda as normas do comportamento humano, mediante as quais o homem tende a realizar na prática atos identificados com o bem.
    A ética pode ser concebida como pesquisa destinada a estabelecer e defender como válido ou verdadeiro um conjunto completo e simplificado de princípios éticos gerais e também outros princípios menos gerais, importantes para conferir uma base ética às instituições humanas mais relevantes.
    - Cabe aqui algumas indagações...
    - Os juízos éticos seriam verdades ou apenas traduziriam os desejos de quem os formula?
    - Praticar a virtude implica benefício pessoal para o virtuoso ou, pelo menos, tem um sentido racional?
    -Qual é a natureza da virtude, do bem e do mal?

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